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sábado, 17 de abril de 2010

Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulan (2001)



Lirismos absolutos - e que tem de mal?



A fórmula é simples: Paris, a cidade perfeita para um grande romance; um autêntico amor à primeira vista e um destino que pode mudar de rumo a qualquer momento. Resultado: O Fabuloso Destino de Amélie, do francês Jean-Pierre Jeunet. E é mau? Peremptória e incisivamente: Não(!).

Sejamos claros, a história é típica, o enredo repetição lírica e tudo isto seria de facto importante se aqui (como em muitos outros) o importante fosse de facto a mensagem, e não (invariavelmente) a forma desta. Amélie junta a sumptuosidade da imagem, o gosto onírico pelo devaneio e pela criatividade de quem arrisca tudo, longe de uma Nouvelle Vague mas ao mesmo tempo criacionista motivado pela pujança e pela inovação, longe de todo o território conhecido: é o estranho caso de um realizador que se encontra entre o revivalismo e o futuro. As sequências, trabalhadas como se de um álbum de família se tratasse, conjugam na sua forma o timing perfeito e o conteúdo emocional de outro plano. E nem mais: cada plano contém uma quantidade de texturas e cores tão próprias que os julgaríamos intemporais não fossem os rasgos de modernidade reclamarem a sua actualidade. Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz ou Rufus enquandram-se perfeitamente neste carácter dualista de que Jeunet impregna a película; ao mesmo tempo que a banda sonora de Yann Tiersen articula os espaços brancos meticulosamente. Todo este agregado cria o ambiente amélista por excelência que de tão avassalador chega a relegar a jovem que apenas queria ajudar os outros para uma espécie de segundo plano.

Arrebatadora a sequência final, apresentando toda a liberdade que o realizador emprega na obra, não menos lírica e feita de poesia pura que as restantes. Pode não apresentar grandes surpresas nem explorações, mas é uma obra absolutamente livre. E nós gostamos.

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