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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

I'll be back!

Após vários meses de ausência o Estado Crítico volta à actividade, já neste Natal, cheio de novidades e muito mais activo do que nunca: Criticamente cinematográfico.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um dia que afinal, é o nosso.

Com mais de 4 mil milhões de anos de existência, a Terra apresenta-se como a mãe que, num longo sopro, concedeu o milagre da existência humana. Reunindo todas as condições para a propagação de vida gerou ao longo da sua existência tantas e tão diversas espécies, das quais o ser humano faz parte - também ele uma parte desse milagre carbónico que representa a nossa espécie. Diga-se , a única espécie que em mais de 4 mil milhões de anos ameaçou o equilíbrio do seu habitat. A única que no espaço de 50 anos - perfurando cada vez mais a crosta terrestre em busca de mais e mais poder liquefeito - pôs em causa o que parecia impensável: colocar em risco a sua própria espécie(!). As alterações climáticas não são um problema apenas da actualidade; mas são um problema para a posteridade que a cada dia se mostra cada vez mais sem um retorno possível. Mas é tarde demais para ser pessimista: muito pode ainda ser feito, caminhos numa direcção que poderá não ser totalmente errada. Afinal foi essa mesma espécie que pensou o dia 22 de Abril como o dia da Terra.


Yann-Arthus Bertrand, fotógrafo, repórter e ambientalista francês, realizou em 2009 um dos mais proeminentes documentários acerca do panorama ambiental dos nossos dias. "Home" -O Mundo é a nossa casa- merece ser visto por todos e amplamente divulgado, exultado, discutido, mas nunca (!) esquecido. Conta-nos uma história que afinal é também a de todos nós: a história dos nossos tempos, de outros tempos, da formação da "nossa" casa à sede inebriante de progresso do Homem. E se a grande qualidade do Homo Sapiens foi desde sempre reconhecer os seus limites, porque não parar para pensar agora? Um dia que merecia receber atenção todos os dias.

O filme pode ser encontrado na íntegra, ainda que sem legendas disponíveis, em : http://www.youtube.com/watch?v=jqxENMKaeCU

Ou na página oficial: www.home-2009.com/

sábado, 17 de abril de 2010

Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulan (2001)



Lirismos absolutos - e que tem de mal?



A fórmula é simples: Paris, a cidade perfeita para um grande romance; um autêntico amor à primeira vista e um destino que pode mudar de rumo a qualquer momento. Resultado: O Fabuloso Destino de Amélie, do francês Jean-Pierre Jeunet. E é mau? Peremptória e incisivamente: Não(!).

Sejamos claros, a história é típica, o enredo repetição lírica e tudo isto seria de facto importante se aqui (como em muitos outros) o importante fosse de facto a mensagem, e não (invariavelmente) a forma desta. Amélie junta a sumptuosidade da imagem, o gosto onírico pelo devaneio e pela criatividade de quem arrisca tudo, longe de uma Nouvelle Vague mas ao mesmo tempo criacionista motivado pela pujança e pela inovação, longe de todo o território conhecido: é o estranho caso de um realizador que se encontra entre o revivalismo e o futuro. As sequências, trabalhadas como se de um álbum de família se tratasse, conjugam na sua forma o timing perfeito e o conteúdo emocional de outro plano. E nem mais: cada plano contém uma quantidade de texturas e cores tão próprias que os julgaríamos intemporais não fossem os rasgos de modernidade reclamarem a sua actualidade. Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz ou Rufus enquandram-se perfeitamente neste carácter dualista de que Jeunet impregna a película; ao mesmo tempo que a banda sonora de Yann Tiersen articula os espaços brancos meticulosamente. Todo este agregado cria o ambiente amélista por excelência que de tão avassalador chega a relegar a jovem que apenas queria ajudar os outros para uma espécie de segundo plano.

Arrebatadora a sequência final, apresentando toda a liberdade que o realizador emprega na obra, não menos lírica e feita de poesia pura que as restantes. Pode não apresentar grandes surpresas nem explorações, mas é uma obra absolutamente livre. E nós gostamos.

domingo, 28 de março de 2010

Reduzido

Ainda na senda das curtas-metragens, Bomb do realizador australiano Alister Grierson, foi uma das mais audazes produções apresentadas no TropFest 2005. Apesar de não ter vencido foi um dos dignos finalistas, levando ao reconhecimento do seu realizador pelo próprio James Cameron, de sucessos de bilheteira como Avatar ou Titanic.



Quando pensamos que tudo nos corre mal há sempre algo que ainda pode piorar. Dá que pensar.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Code Inconnu (2000)

Uma bandeira não é um país.
Uma avenida. A coluna vertebral de uma cidade é por norma o centro nevrálgico da sua actividade, local onde todos os dias milhares de pessoas se cruzam - manobra do acaso, de um conjunto de razões que as levaram a esse momento, whatever - garantindo o ideal de uma "aldeia global" intacto. E essa é a extrapolação de que vivemos numa gigantesca Torre de Babel, é um facto, em que a mistura de culturas parece, não inevitável, mas necessária. Compreender as diferenças e encontrar a igualdade é o mote.
Também neste Récit incomplet de divers voyages, subtítulo de "Código Desconhecido", do inevitável Michael Haneke, encontrar a igualdade na diferença parece ser a constatação evidente de que o acaso não é para aqui chamado. Não, não quando as histórias dos diferentes protagonistas se assumem tão diferentes - mas no fundo tão relacionadas entre si, e isso não é obra da providência. Da mesma forma que os indivíduos que se cruzam numa avenida não se cruzam por acaso. Não. Na sua obra Haneke também não deixa nada ao acaso (por vezes não vemos todas as pontas, mas isso, c'est la vie) e neste caso é o resultado de uma série de histórias e viagens incompletas que cria a sua Torre de Babel, meticulosamente sua, repleta dessas pequenas ligações que poderiam até nem existir e que, repita-se, não são obra de uma qualquer casualidade. Tudo se inicia com um papel amachucado que é atirado para o regaço de uma pedinte, e todas as implicações que essa acção não deliberada terá são no mínimo casualidades. Porquê o antagonismo? Porque simplesmente o papel fora atirado por um jovem, que viria a ser interpelado por um outro jovem (Amadou) de origem africana, que o considerou enquanto um acto de desrespeito. Mediante a intervenção da polícia vimos a descobrir que afinal a pedinte tem um nome, Maria, e que é uma imigrante ilegal a viver em França. E como se não bastasse, Maria é repatriada, Amadou acusado de racismo e o jovem, irmão de um fotógrafo a trabalhar no Kosovo, ignorado pelo pai. É nessa parte da interpretação que a avenida entra, isto é, a coluna vertebral: Anne Laurent, uma actriz interpretada por Juliette Binoche. E como coluna vertebral que é confere todo o sentido à história, conectando os personagens e alagando de vida esta obra, não sendo nem culpada nem injuriada.


O drama da emigração, brilhantemente caracterizado em Maria, é o de tantos outros que partem à procura de algo melhor, à procura de uma vida longe de suas casas e de quem mais amam. O seu código não é desconhecido, tal como não é desconhecido o código utilizado por crianças mudas para comunicar: tudo depende da vontade de quem quer ou não compreendê-lo. Todas as questões morais e ideológicas são colocadas a frio, o que é um hábito em Haneke, não se resumindo às questões de emigração e dos emigrantes - vai ao que de mais profundo existe na alma humana, revolve passado e presente, para nos dar a história do jovem atirador de papéis amachucados. Porque, regra geral, a casa não costuma ser onde está a cabeça mas sim o coração. E esse jovem prefere a cidade ao campo, contrariando o pai. O que o leva a Paris, onde através da namorada do seu irmão percorre a cidade, amachuca um papel e... Aí se percebe a importância de Anne e da sua história mostrada em tom descuidado: ela é a base, a sua história é irrelevante e no entanto faz sentido. Obra do acaso? Não, de um dos grandes mestres do cinema actual. Que depois de construir a sua Babel lhe dá um desfecho muito seu, ao som de - sim, acto único, Haneke presenteia-nos com música na parte final da obra - uma fanfarra pouco comum que nos deixará a cogitar.

É inegavelmente uma obra maior, mais directamente alarmista e menos provocadora, sem nunca cair no melodrama americanizado. Um resumo de histórias que não são as de um país mas sim das pessoas que nele vivem, independentemente da bandeira que carregam. Multiculturalidade numa sociedade pouco aberta ao que é diferente. Acaso?

quarta-feira, 24 de março de 2010

Somewhere Over the Rainbow

É este o famoso refrão daquela que será provavelmente uma das mais fantásticas bandas sonoras de sempre. Interpretada por Judy Garland no musical de 1939, The Wizard of Oz (ou O Feiticeiro de Oz, na tradução portuguesa), personifica sobretudo a esperança e o sonho sobre um mundo ideal de amor e felicidade. A história é intemporal e conhecida de todos: uma meninda, Dorothy, é transportada por um tornado até um mundo de fantasia onde bruxas, leões cobardes, espantalhos falantes e homens de lata são apenas o princípio.
Realizado por Victor Fleming, este marco do cinema mundial, comemorou em 2009 o seu 70º aniversário com o lançamento de uma versão restaurada em DVD.

Ocupa o 10º lugar da lista da American Film Institute para os melhores filmes de sempre.



segunda-feira, 22 de março de 2010

Cinema curto.

Rápido e eficaz. Nunca o sentido da expressão teve tanto significado como na era em que o YouTube, o Twitter ou o Facebook nos conduzem a uma minimização do tempo. Rápido. E que assim nos satisfazem, informam ou nos dão a conhecer. Eficaz.

É então nessa vertente do YouTube que as curtas (metragens) começam agora a ganhar mais importância: desde logo a criação de festivais internacionais como o TropFest em Sydney (Austrália), que ganha agora forma com mais uma edição em New York (inevitavelmente). Por cá é o Festival Internacional de Curtas, sediado em Vila do Conde, quem dá o mote, indo já na sua 18ª edição.
A curta apresentada, Mankind is no Island, foi a vencedora da primeira edição deste festival em NY 2008. A mensagem sobre a forma como tratamos os sem-abrigo é passada pelo realizador Jason van Genderen de forma, embora subliminar, muito curiosa.
Também curiosamente esta curta foi produzida com um valor estimado de 40€, sendo integralmente filmada com um telemóvel nas cidades de Sydney e New York. Porque nem só de avatares vive o cinema.




Mais informação sobre estes festivais em:

http://www.tropfest.com/

http://www.curtasmetragens.pt/