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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Die Welle (2008)

Há História e História...


Como podemos parar uma onda? Simplesmente não podemos.

Vimos nos dias de hoje os erros do passado como algo de irrepetível, estático e eterno no seu tempo. Acreditamos que as incorrecções de outros nos fazem agir de forma mais consciente agora. Que cada qual no seu tempo, à sua maneira.
Mas quantas vezes em toda a História da Humanidade se repetiram erros de outrora?
Hoje como ontem tais erros são impossíveis de prever: são cíclicos e intransigentes.

A organização estrutural de qualquer sociedade tende a basear-se fundamentalmente em princípios bastante lógicos de não-estratificação social -quer seja a um nível mais extremo ou mais supérfluo. A distinção de um e outro prende-se simplesmente com dois pontos fulcrais: a necessidade de afirmação e a perda de poder. De estes dois surge com extrema facilidade um regime ditatorial, ou em termos mais político-técnicos, um estado de autocracia.
E é num estado de autocracia que, tal como numa onda, existe o êxtase e a redenção. O primeiro surge naqueles que a acompanham, obtendo um efeito de poder e revolta inquietante; o segundo naqueles que são apanhados precisamente no seu êxtase, conduzindo a um estado de calamidade e instabilidade social.
São estes os fantasmas que preenchem "A Onda", num tempo em que a informação possui a virtude de alcançar até os mais incautos.
Ambientado num clima repleto dessa mesma informação, tende a consciencializar uma Alemanha que ainda sente todo o peso de um passado negro sobre os seus ombros, procurando a redenção a uma culpa que não lhe pertence. E é nessa actualidade que espelha um paradigma que parecia impossível -a repetição de um regime totalitário num país informado. Da mesma forma que as jovens personagens repetem em inconsciência os erros de uma outra Alemanha Nazi, num projecto semanal da disciplina de Reine Wenger -um professor pouco ortodoxo interpretado por Jurgen Vogel.
O realizador Dennis Gansel toma como ponto de partida a novela de Todd Strasser e vai à procura das fragilidades de uma sociedade, de feridas que teimam em não sarar, de medos colectivos que dificilmente se ultrapassam e trá-los à superfície.
A narrativa constrói-se entre belos momentos de cinema -a fotografia de tom propositadamente descuidado assume por várias vezes uma perspectiva estável e cuidada, denotando-se o carácter reflexivo que povoa a obra. E é uma surpresa constante assistir ao desenrolar da onda, ao que ela abarca e aquilo que move, num retrato mais actual que a própria actualidade. Mais, é por desaguar num final completamente imprevisível que esta é uma obra que merece ser compreendida no seu todo.

Como podemos então parar uma onda? Não podemos.

De facto a alusão não se prende com fenómenos naturais, mas antes a fenómenos sociais. E estes sim de dimensões tsunâmicas. Porque a História se repete, e da mesma forma que acontece assim se posterga. Tal como uma onda.

1 comentário:

  1. Como tudo k tu Zé escreves, está bem redigido, bem "alinhado"...só que com uma opinião pessoal um pouco baralhada...e agora ,hoje, que democracia existe na Alemanhã?????
    Será que este povo está bem de Saúde , Educação, Economia,Socialmente será uma DEMOCRACIA???? Pensa...informa-te e depois falamos.
    O resto está optimo tudo bem permenorizado...dá para ficar com interesse em ver o filme...bigado

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