Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gladiator (2000)

O paraíso está onde menos se espera.



A morte sorri-nos a todos. Apenas lhe podemos retribuir o sorriso.
É neste âmago de consternação e realismo, que se apresenta Gladiador. Trágico, mantendo sempre uma expectativa de espectacularidade - a julgar pela cena de batalha no início -, mas ao mesmo tempo lírico e metafórico, tornando-se uma combinação perfeita daquilo que mais marcou o Império Romano: a beleza artística e o elevado nível de desenvolvimento do período clássico num contexto de violência e brutalidade.

Mas isto resume-se à História. Existe depois a história, o enredo, a narrativa. E neste aspecto nunca nos é facilitada a tarefa de abnegação e conformismo comum, tanto pela forma catalítica que vão sucedendo todas as contrariedades, como pela própria negação do destino pelo personagem principal. Esta é pois uma luta incessante do General Maximus (Russel Crowe) pelo desejo de paz, ao mesmo tempo que uma silenciosa vingança contra quem lhe estuprou mulher e filho. Essa privação do seu próprio destino impele-o numa longa viagem cujo objectivo surge no plano metafórico da narrativa enquanto Céu na Terra. O enredo assume-se assim categoricamente sombrio, como que vivendo na penumbra dos bosques da Germânia e posteriormente do Coliseu de Roma, enquanto gladiador. Assombrosa se revela a personagem de Commodus (Joaquin Phoenix), assassinando o próprio pai, desejando a própria irmã, ordenando o assassínio do General Maximus: é Commodus o responsável por tudo o que não se encontra entregue ao acaso. Mostrando contornos de insanidade e de uma soberba repulsivas confere uma enorme profundidade ao seu personagem arrebatando um desempenho inesquecível, talvez até mais conseguido do que o de Crowe.

Repleta de momentos épicos, é uma obra que tal como o seu personagem principal não se perde em glórias. Os planos muito trabalhados, de uma cinematografia de excelência, conferem-lhe um tom "clássico", ao mesmo tempo que as cenas de acção -não gratuita e demonstrando uma grande originalidade- catapultam-nos para o próprio Coliseu, dando a esta obra a dicotomia necessária para se mostrar uma obra actual, isto porque hoje como no tempo da narrativa a sociedade vê as lutas entre seres humanos como entretenimento, justa ou injustamente. Toda esta atmosfera de envolvência ímpar é acompanhada por uma banda sonora expressiva e marcada que por si só nos transporta ao tempo da acção.

Sombras e pó: assim se pode resumir o final da enorme viajem da vida; tal como a história de um Império; ou o objectivo de um ser humano, num simples gesto de graça, humildade e consternação -porque afinal o paraíso pode estar onde menos se espera.

7 comentários:

  1. Está muito bem comentado zé!:)
    Parabéns!:)

    ResponderEliminar
  2. Bem desde ja gostaria de dar os parabéns ao José pelo trabalho que estas a desenvolver e que não desistas do projecto !

    Quanto ao filme, quando vi o gladiador pela primeira vez, apercebi-me que tinha de o voltar a ver, por uma obra de arte cinematográfica como o gladiador tem de ser apreciada, não devorada!

    ResponderEliminar
  3. Bom comentário do filme, muito bem escrito todo o texto...espero que continues com as tuas análises aos filmes para melhor conhecer os teus filmes preferidos, concordando ou não com a tua opinião.bjs

    ResponderEliminar
  4. Grande comentário.. a um grande filme :D

    Parabens simões...

    Continua..que os seguidores estão a espera..ahahah

    ResponderEliminar
  5. Primo grande comentário, a um grande filme!!!
    Continua porque tens bastante jeito.
    Fico à espera de novidades.

    ResponderEliminar
  6. Muito bem conseguido José. Uma excelente interpretação, a um filme muito bom...
    Parabéns e bom trabalho :)

    ResponderEliminar
  7. Ótimo comentário atores e filme magníficos!!
    Mais o cinema deixou um pouco a desejar qu
    anto aos fatos realmente históricos ex: a irmã
    de( Comodus) foi morta a mando dele como
    uma conspiradora, junto com senadores que
    a ajudaram e mais (Marcus Aurélio seu pai)
    lhe passou o trono e não á indícios nos livros
    que nos mostre que foi (Comodus)que o matou
    e mais apesar de ser considerado um bom e
    sábio imperador Marcus Aurélio perseguia os
    cristãos, tirando isso o filme e os atores são
    magníficos em especial o ator que representou
    Marcus Aurélio(Richard Harris)O mesmo ator
    que atuou no senhor dos anéis como o mago
    Gendalf, isso é só oque acho ok

    ResponderEliminar