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quarta-feira, 17 de março de 2010

Quando o Oscar perde o brilho.

Embora passadas duas semanas que estão desde a grande noite da Academia, qualquer comentário acerca das famosas estatuetas douradas parece ainda bastante actual. Sejamos directos: falar dos Óscares enquanto indicador de qual o melhor filme do ano revela um tom quase sarcástico; tornaram-se mais uma acção de beneficência para com a Academia (para além de uma mostra de glamour) do que o reconhecimento do verdadeiro mérito.

Que não seja um tópico recente o facto de estes prémios, que são os mais famigerados do mundo, apenas permitirem que a distribuição dos premiados seja facilitada; que seja do conhecimento geral que apenas galvanizam a indústria de Hollywood (com a excepção do Óscar para melhor filme numa língua não-inglesa) não são motivos para fazerem de uma gigantesca manobra publicitária "a gala do cinema". Porque se a matéria prima - o cinema, claro está - é trabalhada por uma indústria cinematográfica que não pode arriscar e que aposta na simplificação dos argumentos para uma maior empatia do público, o resultado não pode ser senão mais do mesmo e em grande quantidade. E isso não é nada positivo.

A edição deste ano tornou-se tão previsível quanto contestada - praticamente todos os favoritos nas diferentes categorias lá receberam a sua estatueta, recaindo a contestação no facto de os favoritos não serem... os correctos. Mas engane-se quem julgar que este poderá ser um sinal dos tempos: foi esta mesma Academia de Artes e Ciências Cinematográficas quem nunca reconheceu Alfred Hitchcock, nem sequer Charles Chaplin, tardou a reconhecer Martin Scorcese e deixou para trás obras como Citizen Kane, apontado por muitos como o melhor filme de sempre, Taxi Driver ou Ranging Bull, filmes que ocupam lugares cimeiros em listas como a da American Film Intitute ou da revista Sight and Sound.
O Óscar perdeu então o seu brilho, dando toda a importância que merecia a festivais como o de Cannes, Veneza ou Berlim. Onde o cinema ainda sobrevive, intacto.

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